Ensaio sobre a cegueira

Quando eu tento ser culto e compro livros, eu me baseio no que eu vejo, no que eu leio sobre um escritor ou sobre um livro.

Então eu acabo comprando alguns livros ‘do momento’, mas eu também não sou tão besta assim. Eu jamais vou comprar, ou sequer ler, aquele livro ‘O Segredo’. Não li, não gostei. Não sei do que se trata e nem quero saber e não vou ler. Nem se me derem. E nem o livreiro de cabul, a menina que roubava livros e esses hypados demais.

Pois bem, já tinha ouvido falar muito do José Saramago: o primeiro escritor em língua portuguesa a ganhar o prêmio nobel e bla bla bla. Por isso, eu pensava que deveria ser muito bom. Então fui lá e comprei um livro dele: o ensaio sobre a cegueira.

Nos primeiros momentos, me impressionei com a narrativa. Era como se eu estivesse lá na rua onde o cara perdeu a visão. A forma como ele escreve, nesse começo, é impressionante. O livro vai passando e eu vou notando uma coisa estranha, diferente: as personagens não têm nome, a trama não tem lugar, nem época, nem nada. As personagens atendem pelos nomes de o médico, a mulher do médico, a rapariga de óculos escuros, o rapazinho estrábico e etc. E essa foi por essa característica que eu levei meses pra ler esse livro. Sim, meses. Nem sei quantos, mas foram muitos. Você não consegue desenvolver aquela intimidade com as personagens e aí fica difícil…

Mas de uns tempos prá cá, eu consegui pegar o bicho de novo e botar pra ler. Em um momento ficou interessante, mas o final…é uma merda. Simplesmente não acaba. Eu esperei o livro inteiro pelo (quase) óbvio – a galera voltar a enxergar – e aconteceu. Da forma mais sem graça possível. Pois é todo mundo volta a enxergar de súbito e a mulher do médico (que enxerga o tempo inteiro) tem um mal estar e pensa que teria chegado a vez dela de ficar cega, mas “… a cidade ainda estava lá”

Eu acho muito difícil eu ainda querer me aventurar por outros livros do Saramago. Decepção total.