Sobre morar sozinho
dezembro 22, 2010 3 Comentários
Esse ano eu me exilei.
Pela primeira vez, saí de casa pra morar sozinho.
Vou fazer isso com o meu filho (que vai se chamar Thor. true story).
Morar sozinho por um tempo é importante. Importantíssimo.
Mas veja, na minha casa, a gente sempre se virou desde cedo. Eu sempre limpei meu quarto, mesmo quando tinhamos secretária empregada. Eu não gostava do jeito que ela arrumava meu quarto, então, eu mesmo limpava porque as coisas ficavam do jeito que eu queria.
Já sabia, mas aqui pude perceber bem melhor, que minha mãe me deu a melhor criação que ela poderia ter me dado. E, sendo redundante, mesmo, não poderia ter sido melhor.
Trabalho desde os 18 anos. Por um conjuntura de fatores inusitados, tive a melhor formação acadêmica que eu poderia ter tido (do ensino fundamental ao superior). Estudei inglês (e mais importante, falo inglês) e fiz mestrado. Passei vontades, mas nunca necessidade.
Comprei – eu mesmo! – meu primeiro carro (e isso lá pelos 25 anos). Besteira pra você, mas pra mim foi foda! E desculpe lá, mas eu me acho mesmo.
Morando sozinho, querendo ou não, a gente cresce. E muito. No início, acabei me fudendo bonito aqui. Por outra conjuntura de fatores pra lá de inusitados, tive um amigo que me ajudou muito aqui. Demais mesmo. E se não fosse por ele, teria ido morar embaixo do viaduto da Areosa (tem lá a sua dose dramática, claro…).
Eu, um egoísta de marca maior, dando valor a essas coisas bobas como amizade… não que eu não desse antes, mas você pegou o ponto.
Passei mais vontades de novo. Parece que é uma sina… Imagina você morar na Europa e depois de tantos meses, ter ido apenas a Bordeaux… Paris, Londres, Roma, Ibiza (!!!!!), o Leste inteiro logo ali e você aí… sem sair de casa o fim de semana inteiro… apenas por uma questão de responsabilidade.
Responsabilidade. Aprendi desde cedo a ser responsável. Não tinha outra opção. Outra coisa que eu entendi logo é que se não fosse eu mesmo por mim, ninguém mais seria. E esse talvez seja o meu grande lema da vida: ninguém vai te ajudar. No entanto, os fatos me mostram o contrário. Ainda bem.
Morando sozinho, passei a valorizar ainda mais – cliché alert – a minha própria companhia. A condição do ser humano é estar sozinho. Perdi as contas das vezes em que eu cheguei em casa na sexta e só sai de novo na segunda… Nunca achei ruim. Eu gosto. Na média, nunca fui muito de sair, apesar de ter havido uma ou outra exceção em períodos específicos.
Nesse ínterim, aprendi a cozinhar. E muito bem, obrigado. Descobri a paixão por cozinhar. Além de ser o melhor passatempo (com ou sem hífen, foda-se), é a melhor terapia. Descobrir sabores, experimentar e, claro, ser vítima das suas próprias experiências. Faz parte. Agora sei fazer arroz bem soltinho (sem grudar nenhum na panela!), strogonoff, yakisoba, costela de porco com molho barbecue, esparguete a carbonara. Sei também fazer feijão! De lata, mas tá valendo. Tenho medo de panela de pressão. Apesar disso tudo, ainda choro cortando alho e cebola…
Sempre soube o verdadeiro valor das coisas. Mas nunca tinha pagado aluguel. Pagar alugel pesa… E como pesa. E lá se vão 30, 40% do seu rendimento mensal só pra você ter direito a um quarto, um colchão e uma mesa pra usar o computador… Some a isso as contas de água, luz, internet e suas despesas mensais com supermercado… O que sobra é pro seu lazer e outras despesas imprevisíveis (roupas, por exemplo). E não se esqueça de poupar um pouquinho, já que você está em um país estranho e não pode contar com a ajuda de (quase) ninguém… É o ônus de ser adulto.
Os shows… Consegui ir ao show do BB King! Caralho, fui no show do BB King!! BB fucking King! Mas perdi muitos shows que eu realmente gostaria de ter ido… Metallica, Pearl Jam, Megadeth, Apocalyptica… Jamais estive tão perto deles, e, no entanto, não pude ir… Vai ter que ficar pra próxima.
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